16 de ago. de 2017

DIREITOS INDÍGENAS

       Marco Temporal Não!!!
Crianças Apinajé, futuro ameaçado pelo Estado brasileiro. (foto: Arquivo Pempxà 2013)
     A tese do marco temporal é mais uma trapaça que os não-índios herdeiros dos conquistadores estão armando para continuarem massacrando e oprimindo os indígenas no Brasil com respaldo das Leis e de forma aparentemente legal. Os objetivos continuam sendo os mesmos; ignorar e negar nossa história e existência milenar nessa Terra e impedir que a diversidades étnica e cultural constituída por centenas de povos originários continuem resistindo, sobrevivendo e prosperando no Brasil.
     Observem na linha de tempo da história, que a invasão portuguesa e espanhola foi marcada por guerras de extermínio, massacres, escravidão, epidemias, expulsão, exploração e outras formas de violência, perpetradas por bandeirantes, escravocratas, religiosos e coronéis. O fato é que essa tragédia macula e mancha a história da formação do Brasil e deveria repercutir de forma negativa envergonhando o Estado brasileiro. Mas, acontece ao contrário.
     Mesmo nos dias atuais os povos indígenas sobreviventes continuam sendo tratados com desprezo, preconceito e estigmatizados por uma sociedade que a cada dia demonstra ser mais intolerante, racista, ambiciosa, truculenta e autocrata. Esse comportamento medieval e retrogrado, manifestado por alguns setores antagônicos da sociedade, infelizmente continua gerando violentos conflitos socioambientais e vitimando muitas lideranças indígenas e camponeses no país.
        Assim observamos a classe dominante atuar estrategicamente para se apoderar e manobrar as instituições do Estado em seu favor. Temos um Congresso Nacional dominado por parlamentares ruralistas e evangélicos, que utilizam seus poderes e influências em causa própria. Da mesma forma um poder Executivo que troca favores com o Congresso Nacional e ambos se auto beneficiam desse conluio. Com o mesmo objetivo parte do poder Judiciário as vezes age conforme as imposições e conveniências de setores políticos e partidários.
       Essa realidade demonstram ainda o nível de maldade de determinados setores da sociedade, evidenciando a vocação dos mesmos para hostilizar, oprimir e agredir as minorias raciais e étnicas num país que conforme sua Constituição Federal se diz pluriétnico, multicultural, “democrático e de direito”. Mesmo assim determinados grupos atuam politicamente de forma deliberada e sem nenhum remorso contra os direitos e as liberdades fundamentais das minorias indígenas. De forma premeditada desrespeitam as Convenções e Tratados que o Brasil é signatário; constrangendo nosso país no contexto das nações civilizadas e democráticas do mundo.
      Certamente existem muitas falsidades, insensatez, hipocrisia e falácias, na atuação dessa classe política, que são eleitos e sempre se manifestam em nome de seus eleitores. Na verdade faltam lhes seriedade, decência, moral, caráter, credibilidade e ética. A realidade é que a grande maioria não representam os valores da população, e sim atuam em defesa de seus próprios interesses. Lembrando que a maior parte desses estão enlameados pela corrupção e sendo acusados de graves ilícitos.
     Nessa conjuntura crítica de retrocessos e revogação de direitos, está acontecendo hoje, 16/08/2017 julgamento no Supremo Tribunal Federal - STF do marco temporal. Se for confirmada essa pelo STF, o futuro dos povos indígenas estará seriamente comprometido e inseguro. Esses ataques e perseguições têm sido motivos de muita angústia e apreensão nas aldeias e comunidades quilombolas em todo o Brasil.
       Entendemos que a Suprema Corte do país não pode fazer parte desse conluio, gerador de violência, corrupção e retrocessos. Portanto é fundamental que os Ministro do Supremo Tribunal Federal-STF no momento de julgar essa questão, atuem com senso de Justiça, equilíbrio e sensatez, até porque o próprio STF reconheceu que a decisão tomada na PET 3388, as condicionantes aplicadas no caso da TI Raposa Serra do Sol dos povos Macuxi, Ingarikó e Taurepang em RR, não é vinculante para as outras terras indígenas.


 Terra Indígena Apinajé, 16 de agosto de 2017

Associação União das Aldeias Apinajé-Pempxà

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