28 de set. de 2015

MOVIMENTO INDÍGENA

SEMINÁRIO: POVOS INDÍGENAS E POPULAÇÕES TRADICIONAIS; NA DEFESA E PROTEÇÃO DOS SEUS DIREITOS E TERRITÓRIOS
No auditório do Colégio Marista em Palmas (TO), Populações Tradicionais e Povos Indígenas debatem o Programa Matopiba. (foto: Laila Meneses. CIMI. Set. 2015)


    Ao menos 150 lideranças representantes dos povos Apinajé (TO), Krahô (TO), Xerente (TO), Carajá Xambioá (TO), Avá Canoeiro (TO), Krahô Kanela (TO), Krikati (MA), Gavião (MA), Pataxó Hã hã hãe (BA) e representantes dos Quilombolas, das Quebradeiras de Coco, da CPT, do MAB, do MST, da Cáritas Arquidiocesana de Palmas e da Associação Wyty Catë dos Povos Timbira de Maranhão e Tocantins, participamos nos dias 23 e 24 de setembro de 2015, no Colégio Marista na cidade de Palmas (TO) do Seminário: Povos Indígenas e Populações Tradicionais; na Defesa e Proteção dos Seus Direitos e Territórios.
       O Seminário foi uma realização do CIMI GO/TO e União das Aldeias Apinajé-Pempxà e debateu os impactos dos “Grandes Projetos de Desenvolvimento” na Vida e nos Territórios dos Povos Indígenas e das populações Tradicionais. Na ocasião contamos ainda com as presenças dos representantes do MPF-TO, da FUNAI/CR de Palmas e UFT.
     É fundamental que nesse momento de dificuldades os povos indígenas e as populações tradicionais continuem articulados, firmes e perseverantes se reunindo para debater os graves problemas sociais, ambientais e culturais que nos ameaçam e nos afetam. A realização do Seminário: Povos Indígenas e Populações Tradicionais; na Defesa e Proteção dos Seus Direitos e Territórios, foi uma prova disso. O lema: Resistir Para Existir deu o tom para os depoimentos das lideranças ribeirinhas, assentados e quilombolas que relataram as lutas incansáveis desses irmãos para garantir terra, água, pão e vida digna.
       Essa também é o sinal que estamos cada vez mais fortes, firmes e determinados e não vamos permitir retrocessos e desconstrução de nossos direitos.   Enfim continuaremos presentes e Juntos na Caminhada em Defesa da Vida e da Mãe Terra. Nesse sentido a luta histórica dos Povos Indígenas dos Estados de Tocantins e Maranhão que já vem acontecendo por meio da Articulação Timbira, agora ganhou um novo capitulo. A Associação Wyty Catë dos Povos Timbira do Maranhão e Tocantins se juntou aos demais Povos Indígenas e movimentos sociais para fazer luta unificada em defesa de nossos direitos e territórios.
      Por unanimidade os participantes afirmaram que juntos continuaremos denunciando e combatendo qualquer projeto que venha para destruir o cerrado, as florestas, poluir o ar e secar nossas águas. Repudiamos e rechaçamos o plano de implantação do Programa MATOPIBA nos Estados de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, por que da forma com está planejado o Programa implicará em graves violações de direitos humanos, causando gigantescos impactos ambientais e intermináveis conflitos sociais, ambientais e culturais envolvendo os empreendedores, os povos indígenas e as populações tradicionais que vivem nessa região.
Lideranças debate Programa Matopiba. (foto: Laila Meneses.
CIMI. Set. 2015)
     A líder Gercília Krahô reafirmou que: “Somos os brotos e a semente da terra e por ela vamos lutar até morrer”. O líder Nailton Muniz Pataxó lembrou que conduziu e guiou seu povo na luta para resgatar seus territórios tradicionais no Sul da Bahia. Nailton disse também que participou de forma ativa do processo de lutas em 1988 para incluir nos artigos 231 e 232 da atual Constituição Federal importantes parágrafos reconhecendo os direitos indígenas. “Por isso não podemos permitir retrocessos e a retirada desses direitos”. Declarou.
         Os seguidos depoimentos das lideranças condenaram com veemência as propostas legislativas, especialmente a PEC 215/2000, que tramita na Câmara dos Deputados e criticaram a atitude dos políticos que querem alterar a Constituição Federal para usurpar competências e retirar direitos constitucionais. As lideranças concluíram que por causa do lucro e da ganancia a classe empresarial e política estão perdendo o juízo, a responsabilidade e o respeito pela coletividade humana e a natureza. Antônio Veríssimo, liderança Apinajé, advertiu que as pessoas podem violar, e até mudar as leis dos homens, no entanto as Leis da natureza nunca poderão ser alteradas e nem infringidas.  “As leis da natureza não perdoam”. Alertou.
Lançamento do Relatório de Violência Contra os Povos Indígenas 2014.
(foto: Laila Meneses. CIMI. 2015)
         Na noite de 23/09/2015, foi feito o lançamento do Relatório de Violência Contra os Povos Indígenas 2014, publicado pelo CIMI Nacional. O documento é elaborado a partir de informações encaminhadas pelas organizações indígenas, por órgãos públicos e divulgadas na imprensa. Na ocasião a antropóloga Patrícia de Mendonça leu um Relatório descrevendo a história e todo o processo de lutas dos remanescentes do povo Avá Canoeiro pela demarcação de suas terras na Ilha do Bananal, Estado do Tocantins.
         Diante dessa situação humilhante e vexatória, concluímos que;“ antes da presidenta Dilma Rousseff se dispor a receber milhares de refugiados de outros países, seria mais decente e sensato o Governo demarcar e regularizar as terras de todos os povos indígenas que estão sofrendo essas agressões contra sua dignidade”. (O grifo é nosso). Essa negação de território constitui uma grave e inaceitável violação de direitos humanos.
       Na manhã do dia 24/09/15 o senhor Hector Franco, secretario extraordinário dos JMI compareceu no Seminário, e ato continuo foi logo informado pelos representantes Krahô e Apinajé sobre a decisão de não participarem dos JMI. As lideranças indígenas não pouparam críticas à realização dos Jogos Mundiais Indígenas e reclamaram dos valores destinados ao evento. O senhor Hector se justificou dizendo que a maior parte dos recursos investidos é patrocínio das empresas privadas. Adriano Carajá aludiu que "talvez sejam essas as mesmas empresas que desmatam, poluem e invadem as terras indígenas, e agora estão patrocinando os JMI".

         Ainda para tratar sobre as questões dos territórios dos povos indígenas e populações tradicionais foi realizada às 15h30 na Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Tocantins uma Audiência Pública que foi presidida pelo Deputado Estadual Zé Roberto do PT, que prometeu fazer os devidos encaminhamentos e tomar as medidas de sua competência sobre os problemas e denuncias apresentadas. 

Terra Apinajé, 28 de setembro de 2015

Associação União das Aldeias Apinajé-Pempxà

ORGANIZAÇÃO INDÍGENA

DURANTE A VI ASSEMBLEIA DA PEMPXÀ: POVO APINAJÉ DEBATE O PROJETO MATOPIBA
Plenária da VI Assembleia  da Pempxà na aldeia Irepxi. (foto: Vanderlei Sotero Apinagé. Set. de 2015
         Proteção e defesa do território Apinajé, grandes projetos, saúde, educação e o fortalecimento institucional da Associação Pempxà, esses foram alguns dos assuntos discutidos na VI Assembleia Ordinária da Associação União das Aldeias Apinajé, que foi realizada no período de 17 a 21 de setembro de 2015, na aldeia Irepxi, no município de Tocantinópolis (TO). Ao menos 150 pessoas entre caciques, lideranças, professores, estudantes, anciãos e conselheiros Apinajé participaram do evento.
O presidente Ercílio  R. Dias Apinagé, na abertura da assembleia. (foto:
Vanderlei Sotero Apinagé. Set. de 2015
       De parte dos órgãos públicos comparecera o senhor Bruno Aloísio Braga Fragoso representando a FUNAI/CTL de Tocantinópolis (TO), Alexandre Conde e Alan Apinagé que vieram acompanhados por dois Esquadrões do Prev Fogo; representado o IBAMA. Presentes também os representantes da Pastoral Indigenista, Conselho Indigenista Missionário CIMI, vinculada à CNBB, da Associação Wyty Catë das Comunidades Timbira do Maranhão e Tocantins, da UFT e outras. Na ocasião foram discutidos sobre os assuntos internos do povo Apinajé e também tratados dos problemas e questões externas que ameaçam as comunidades e o território indígena.
          Nos dias 17 e 18/15 os caciques e lideranças debateram e fizeram encaminhamentos sobre o PBA Timbira e os projetos de 2015/16 que estão sendo implantados nas aldeias. Os caciques trataram sobre os problemas e impactos sociais, ambientais e culturais causados pelo desmatamento do cerrado no entorno da área Apinajé. O problema das queimadas e as invasões de intrusos não-índios nas aldeias também foi amplamente discutido pelos caciques.
       Os caciques trataram e analisaram ainda a proposta do Projeto MATOPIBA e condenaram o plano de implantação dessas “Agencia de Desenvolvimento” na região. De acordo com Sebastião Moreira do Conselho Indigenista Missionário-CIMI, “o MATOPIBA é uma Grande Plataforma formado por vários projetos de infraestrutura de transporte, comunicação, energia, agricultura e turismo”. O Programa prevê muitos incentivos fiscais para pessoas e empresas que queiram se estabelecer e empreender na região. Especialmente os plantadores de soja, cana, eucaliptos, algodão e milho.
         O Programa abrange; mais de 73 milhões de hectares. E atingirá 5,9 milhões de pessoas e 35% da área rural de 337 municípios dos quatro Estados; Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. O MATOPIBA causará impactos em 46 unidades de conservação, 35 terras indígenas, 745 assentamentos da reforma agrária e 36 territórios quilombolas. Especialmente a população mais empobrecida dessa região será a mais prejudicada.
      Da forma como está sendo proposto o Programa MATOPIBA ameaça diretamente o Bioma Cerrado e entra em conflito direto com os interesses das populações tradicionais; camponeses, quilombolas e povos indígenas dos quatro Estados onde vai ser implantado. Assim o polêmico Programa ameaça o meio ambiente, agravará e potencializará os conflitos fundiários e territoriais; provocando a falta de alimentos, a falta d’água, o desemprego e o crescimento das favelas nas cidades de Imperatriz (MA), Balsas (MA), Araguaína (TO), Araguatins (TO), Porto Nacional (TO), Gurupi (TO) e outras.
       As lideranças manifestaram preocupação ainda com as invasões de não-índios, que adentram diariamente o território buscando explorar madeiras, caças, peixes, frutas e arrendamentos. Os problemas da venda e disseminação de bebidas alcoólicas nas aldeias por índios e não-índios também foi denunciado.Os caciques reclamaram do sucateamento e da falta de viaturas para atender a saúde indígena. O presidente do Conselho Local de Saúde Apinajé-CLOSIAP, Osvaldo Pẽpkôb Apinagé reconheceu que somente (01) uma viatura existente no PBI de Tocantinópolis (TO) é insuficiente pata atender as 34 aldeias.
         O problema da falta de manutenção das estradas vicinais internas das aldeias mereceu destaque especial. Todos reclamaram das dificuldades do DERTINS, das Prefeituras de Tocantinópolis e Maurilândia e da FUNAI de atender e efetivar essa demanda das aldeias. No final os caciques resolveram elaborar e encaminhar um ofício ao chefe do DERTINS em Palmas (TO), senhor Gilvamar Moreira de Sousa solicitando a manutenção e recuperação de importantes vicinais de acesso às aldeias. E não descartaram as possibilidades de realizarmos novas mobilizações nos próximos meses.
         Finalmente elaboramos e encaminhamos um documento público que comunica à sociedade a não participação do povo Apinajé, dos Jogos Mundiais Indígenas. No documento declaramos total apoio à decisão do povo Krahô de não participarem dos JMI e censuramos a atitude de outras etnias que estão apoiando e irão participar de um evento midiático e apoiado pela Ministra da Agricultura Kátia Abreu uma inimiga confessa dos povos indígenas. No entanto respeitamos a decisão de cada uma das etnias que decidiram participar.

Terra Apinajé, 28 de setembro de 2015

Associação União das Aldeias Apinajé-Pempxà

21 de set. de 2015

POVO APINAJÉ

NOTA PÚBLICA DO POVO APINAJÉ, SOBRE OS JOGOS MUNDIAIS INDÍGENAS
           Nós caciques e lideranças Apinajé reunidos na VI Assembleia Ordinária da Associação União das Aldeias Apinajé –Pempxà, realizada nos dias 17 a 21 de setembro do corrente na aldeia Irepxi, no município de Tocantinópolis –TO, vimos à publico manifestar nosso integral apoio ao Povo Krahô e a decisão desta etnia de não participar dos JMI que serão realizados em Palmas (TO) no próximo mês de outubro de 2015 com a participação de povos do Brasil e do Exterior.
            Durante nossa assembleia anual onde estiveram presentes mais de 70 caciques e lideranças decidimos também debater e tomar decisões sobre esse assunto. Na ocasião avaliamos que diante da atual crise econômica, da instabilidade política e das incertezas e dúvidas que pairam sobre as cabeças dos povos indígenas não se justifica a realização de eventos como os Jogos Mundiais Indígenas, onde serão investidos R$ 160.000,00 (cento e sessenta milhões de reais) num momento em que os povos indígenas passam por situações de dificuldades e violências nunca antes verificadas na história de nosso País. 
       Citamos os casos de violências institucionalizadas praticadas pelo Estado brasileiro, seja por participação direta dos Agentes do Estado, seja por omissão deste. É inaceitável que nesse momento também esteja se repetindo assassinatos, despejos, espancamentos, prisões e a criminalização das lideranças indígenas com a participação e conivência dos Poderes Executivo, Legislativo e judiciário.   
        Dessa forma não podemos aceitar e participar de um evento de caráter midiático e sensacionalista que tem por finalidade usar imagem dos povos indígenas para distorcer os fatos e mentir no exterior; ocultando a verdadeira realidade e o sofrimento dos povos indígenas do Brasil. Citamos a situação da falta de demarcação e regularização dos territórios tradicionais reivindicados pelos povos Avá Canoeiro, Guarani Kaiowá, Tupinambás, Pataxó, Canela e outros.
       Verificamos também o abandono e o sucateamento das estruturas de atendimento à saúde indígena. Lembramos que nesse momento difícil de incertezas e insegurança centenas de terras demarcadas e regularizadas também estão sendo invadidas e ameaçadas por madeireiros, mineradoras, fazendeiros, arrendatários, extrativistas e pescadores.  
           É lamentável que mesmo diante dessa situação vergonhosa de violações de Direitos Indígenas até agora não vimos nenhuma atitude do Governo e seu Ministério da Justiça no sentido de cumprir à Constituição Federal vigente e ao menos dar condições para FUNAI monitorar, fiscalizar e proteger as terras indígenas já demarcadas. 
         Declaramos que também não aceitamos o uso indevido de nossa imagem e questionamos o apoio e a atenção que outras etnias estão oferecendo a um evento patrocinado pelos governos federal, estadual e municipal, com apoio da Ministra Katia Abreu uma inimiga declarada dos povos indígenas. 
             Na contra mão do respeito, do bom senso e da autodeterminação das populações indígenas, os idealizadores dos JMI também não consultaram e nem convidaram ao menos os povos anfitriões do Estado do Tocantins para participar da organização do JMI. Dessa maneira declaramos que não vamos participar dos JMI que serão realizados em outubro na cidade de Palmas (TO) e ao mesmo tempo convidamos outros povos a fazerem o mesmo. 
            No entanto respeitamos a decisão e a vontade daqueles que decidiram participar.E independe de participar ou não, nesse momento é importante fazermos uma profunda reflexão e uma analise crítica da história e dos fatos recentes que envolvem a questão e as lutas indígenas no Brasil.


Aldeia Irepxi, 21 de setembro de 2015

Associação União das Aldeias Apinajé-Pempxà



14 de set. de 2015

JOGOS MUNDIAIS INDÍGENAS



Caciques Krahô comunicam que a etnia não participará dos Jogos Mundiais Indígenas: “A organização do evento não respeita o nosso povo”


Por Nayara Rodrigues, no Conexão Tocantins
Os indígenas da etnia Krahô do Tocantins não participarão dos Jogos Mundiais dos Povos Indígenas (JMI) que acontecerão em Palmas do dia 23 de outubro até 1º de novembro próximos. A informação foi confirmada por meio do ofício de n° 03/2015 encaminhado nesta última quinta-feira, 10, ao articulador dos JMI, Carlos Terena, informando a decisão da União dos Caciques Krahô. Os caciques justificam que a organização do evento não respeita o povo indígena e ainda, que os organizadores do evento usam o nome e a imagem do povo indígena para se promover. “Para promover a sua própria imagem como gestores que apoiam o nosso povo e a causa indígena, o que não é verdade”, posiciona a União dos Caciques em ofício.
De acordo com os representantes do povo Krahô, as instalações que estão sendo construídas são vulneráveis à chuva e há necessidade de informações mais detalhadas sobre e para os indígenas quanto ao evento.
A União dos Caciques informa ainda que não há como participar de um evento promovido pela ministra Kátia Abreu: “Como podemos participar de um evento financiado por um governo que está promovendo o genocídio de nossos parentes Guarani-Kaiowa no Mato Grosso do Sul, e em várias outras regiões do País? Como podemos participar de um evento promovido pela senadora Kátia Abreu, uma das principais responsáveis pelo avanço do movimento anti-indígena no nosso País?”, questionam.
A União dos Caciques Krahô aproveitou para informar sobre os Jogos Tradicionais Krahô, promovidos pelos próprios indígenas, com realização anualmente no mês de agosto, ao qual incentiva os jovens a praticarem os esportes tradicionais da etnia. “Esse evento, inclusive, acontecido no interior de nossa terra, foi realizado sem apoio algum dos órgãos governamentais que estão financiando esses Jogos Mundias Indígenas”, afirma.
A etnia não poupou críticas e afirmou não poder permitir que o povo indígena Krahô sirva de vitrine. “Nós não pintamos nossos corpos para sairmos bonitos na foto, pintamos para representar nossa história, nossas conquistas e tradições, portando, quem quiser fazer foto do povo Krahô, venha participar de nossos Jogos Tradicionais Krahô, desta forma, qualquer cidadão do mundo poderá conhecer melhor nossa cultura e nosso jeito”, afirmam.
O documento da União dos Caciques Krahô exige que os organizadores do evento retirem as imagens e o nome dos Krahô de qualquer meio de comunicação que sirva de promoção aos Jogos Mundiais Indígenas. O documento é assinado por 28 caciques da etnia.
Representante
Segundo informações repassadas ao Conexão Tocantins pelo professor, representante da etnia e um dos organizadores dos Jogos Tradicionais Krahô, Renato Yahe Krahô, os organizadores dos Jogos Mundiais Indígenas não ouviram as comunidades que irão participar e ainda informou que nem todos os indígenas do Estado do Tocantins foram convidados. “Foram convidados somente os Xerentes, Karajá, Javaé da Ilha do Bananal e os Krahô, deixando de foram outros indígenas do Estado que na nossa opinião deveriam todos participar como as anfitriãs dos jogos, que são os Karajá Xambioá, Apinajé e Krahô-Kanela”, afirmou.
Segundo Renato, foi criada a Secretaria Extraordinária dos Jogos Indígenas da Prefeitura de Palmas, no entanto, a equipe da secretaria nunca foi nas comunidades esclarecer sobre os jogos. “Com esse jogos, nosso povo não será beneficiado em nada. Na verdade quem vai ser beneficiado é a cidade de Palmas, restaurantes, hotelarias, comércios, bares e etc., enquanto o nosso povo não terá nenhuma perspectiva de vida após jogos”, frisou
Jogos Mundiais Indígenas
A primeira edição dos Jogos Mundiais dos Povos Indígenas pretende, segundo os organizadores, ampliar a convivência já instituída na edição nacional – que acontece desde 1996 – entre os diferentes grupos étnicos, dando oportunidade para que os povos se conheçam, interajam e se socializem com seus costumes, hábitos e culturas, por meio de atividades esportivas e culturais.
Cada País poderá inscrever até 50 participantes, totalizando 2.200 indígenas, sendo 1.100 de etnias nacionais e 1.100 internacionais. A programação será diversificada, com atividades esportivas (jogos nativos de integração, jogos tradicionais demonstrativos e jogos ocidentais), atividades culturais (shows e apresentações), passeios turísticos, gastronomia diversificada e feira de artesanato. A estimativa é que aproximadamente 300 mil pessoas circulem pelas arenas durante o evento.
Palmenses, internautas e vereadores, demonstraram preocupação quanto a realização do evento na Capital.
Prefeitura de Palmas
Conexão Tocantins tentou diversas vezes falar com o secretário extraordinário dos jogos indígenas da Prefeitura de Palmas, Hector Franco, nos seus números de telefone, mas todas as ligações ou foram para a caixa de mensagem em um caso, ou não foram atendidas noutro.
Kátia Abreu
Conexão Tocantins também entrou em contato com a assessoria de imprensa da senadora e ministra Kátia Abreu que encontra-se em viagem no Estado do Piauí onde acompanha a presidente da República Dilma Rousseff em visita às obras da Ferrovia Transnordestina. A assessoria adiantou que Kátia Abreu não está promovendo o evento como é afirmado no ofício.

5 de set. de 2015

ORGANIZAÇÃO INDÍGENA

PROGRAMAÇÃO DA VI ASSEMBLEIA ORDINÁRIA DA ASSOCIAÇÃO PEMPXÀ

Na perspectiva de continuar fortalecendo nossa organização e afirmar nossas lutas cada vez mais unidos, no período de 16 a 21 de setembro de 2015, estaremos realizando nossa VI Assembleia Ordinária da Associação União das Aldeias Apinajé-Pempxà. Pela 1ª vez nossa grande assembleia anual será realizada na aldeia Irepxi. Na ocasião serão debatidos assuntos internos e as ameaças externas que estamos enfrentando nos últimos anos. Mas, esse também é momento alegre, de  manifestar nossa cultura e receber nossas lideranças, parentes e amigos. A todos os convidados índios e não-índios, sejam todos bem vindos ao  nosso evento. 

PROGRAMAÇÃO

Data: 16 a 21 de setembro de 2015
Local: Aldeia Irepxi, Terra Indígena Apinajé
Município: Tocantinópolis (TO)

                                                                 
DIA
Manhã
Tarde
Noite
16/09/15
Saída das aldeias
Chegada e Jantar
Às 19h30: Noite Cultural; Cantorias
17/09/2015
Às 7h30: Café e às 8h30 Abertura da VI Assembléia, apresentação dos caciques e leitura da última ata
Às 14h00: Debater o PBA Timbira; Projetos 2015/16 e equipamentos CESTE
Jantar e às 19h30: Noite Cultural; Cantorias
18/09/2015
Às 7h30: Café e às 8h30 Inicio: Debater os Grandes Projetos; Desmatamentos, Hidrelétricas e Queimadas
Às 14h00: Debater questões de Saúde, Alcoolismo e Política (Eleições 2016)
Jantar e às 19h30: Apresentação de Vídeos e Cantorias
19/09/2015
Às 7h30: Café e às 8h30, debater sobre a Proteção da Terra Apinajé, pela FUNAI e IBAMA
Às 14h00: (continuação)  debate sobre a Proteção da Terra Apinajé, pela FUNAI
Jantar e às 19h30 Noite Cultural; Vídeos e Cantorias
20/09/2015
Às 7h30: café e às 8h30 Debater sobre a PEC 215 e a Política Indigenista (convidado CIMI)
14h00: Inauguração da Sede e Corrida de Toras
Jantar e às 19h30: Noite Cultural; Cantorias
21/09/2015
Às 7h30: café e às 8h30: Avaliação, leitura e assinatura da ata
Às 12h00: Encerramento e volta para as aldeias




                                                                  Terra Indígena Apinajé, 05 de setembro de  2015

Associação União das Aldeias Apinajé-Pempxà

2 de set. de 2015

MULHERES INDÍGENAS

MULHERES APINAJÉ, KARAJÁ DE XAMBIOÁ, KRAHÔ, XERENTE E TAPUIA REALIZAM SEMINÁRIO NA TERRA INDÍGENA XERENTE
Lideranças participantes do Seminário de Mulheres na Terra Indígena Xerente. (foto: CIMI GO/TO. Agosto de 2015)
Vamos continuar lutando e defendendo nosso direito e os direitos dos nossos filhos, netos e bisnetos até morrer! Esse foi o lema e compromisso das mulheres indígenas dos povos indígenas Apinajé, Karajá de Xambioá, Krahô, Xerente e Tapuia, que estiveram reunidas para aprofundar, discutir e fortalecer a luta na defesa dos seus direitos e territórios. Foram intensos os três dias de encontro, na aldeia Mrãiwhahâ na TI Xerente, onde com muita dor e indignação partilharam a precariedade das políticas públicas, principalmente na questão da saúde indígena, sofrimento que será ainda maior se aprovada a criação do Instituto Nacional de Saúde Indígena-INSI, que será para a terceirização da saúde indígena, e que as mulheres indígenas rejeitam contundentemente.
Também, teve destaque no seminário as ameaças constantes das inúmeras proposições legislativas que tramitam no Congresso Nacional, que vem a acabar com os direitos constitucionais. Expressaram que não vão deixar que os direitos garantidos na Constituição Federal sejam rasgados e roubados pela bancada ruralista e seus aliados. Que não vão permitir que seus territórios ancestrais sejam roubados novamente e que não vão deixar que continue a destruição da Mãe Terra pela cobiça e ambição do agronegócio, que não vão deixar que esse projeto de morte do MATOPIBA, incentivado pela ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento destrua o mais sagrado que Deus deixou para eles, a Mãe Terra.
Que vão continuar firmes na luta em defesa da Terra que é sua Mãe, que dá sustento, que é para morar, fazer seus rituais, caçar, pescar e viver em paz com a natureza. Que não vão aceitar que esses projetos acabem com os rios que são o sangue que alimenta à Mãe Terra, e não vão deixar construir nos seus territórios a hidrelétrica Serra Quebrada, UHE-Santa Isabel, UHE-Perdida 2 e UHE-Rio Sono e nem deixar asfaltar as estradas nas terras indígenas. Que vão lutar para que seja respeitado seu direito na Constituição Federal e na Convenção 169 da Organização Internacional do trabalho.
Isabel Xerente e Gercília Krahô, presentes no Seminário.
(foto: CIMI GO/TO. Agosto de 2015)


As mulheres indígenas deixaram bem claro que os conflitos estão se agravando porque as terras indígenas são muito cobiçadas pelo agronegócio e pelo grande capital. E principalmente, porque foi paralisada a demarcação das terras indígenas no país. Pediram a demarcação urgente das terras indígenas do povo Avá-Canoeiro, Kanela do Tocantins e  Krahô-Kanela no estado do Tocantins. E fizeram um pedido e apelo  ao governo Federal de demarcar as terras indígenas do povo Guarani Kaiowá que está sofrendo muita violência e sendo massacrado pelos fazendeiros e que está fora de sua terra tradicional.  
Pedem que sejam respeitados  seus direitos originários e que aUnião faça justiça aos primeiros habitantes do Brasil, que são o broto e semente da terra, e reparem a dívida histórica que o país tem com os povos indígenas, demarcando todas as terras indígenas, que sejam anulando todos os projetos de lei que ferem e ameaçam sua vida eseus direitos e paralisados todos os projetos que ameaçam os territórios indígenas.

CIMI Regional Goiás/Tocantins 

DOCUMENTO FINAL DO SEMINÁRIO DE MULHERES INDÍGENAS


Aldeia Nova Mrãiwahâ, 28 de agosto de 2015


Nós mulheres indígenas dos povos: Apinajé, Krahô, Karajá Xambioá, Xerente e Tapuia, reunidas na aldeia Nova Mrãiwahâ do povo Xerente realizamos o Seminário sobre o tema Territórios Indígena: enfrentamento às leis que ameaçam os direitos constitucionais e ameaças das mudanças climáticas. Pois a gente tá preocupada, porque existem muitos projeto de leis que ameaçam o nosso direito e nosso território e querem é acabar com nosso direito com nosso direito e território como:
A PEC 37, 215,237,038 e a portaria 303 o PL 1610 e o PL 1216, esses projetos que atinge o artigo 231 e 232 e assim também estamos preocupados porque também tem grande projetos que ameaçam nossos território  e esses projetos nós não aceitamos. Nós não aceitamos a Barragem da Serra Quebrada, Santa Isabel, Perdida 2 e Rio Sono, e também não aceitamos o asfalto dentro do nosso território Xerente, Apinajé e Krahô. E também estamos preocupados com os projetos perto da nossa terra como as monocultura de cana, soja, eucalipto  que provoca os desmatamento que estão acabando com os nosso rios e provocando diminuição de água nas terras indígenas, como por exemplo no povo Xerente que tem aldeias que estão ficando sem água. Também denunciamos o uso de agrotóxico, que estão provocando as doenças que não existiam antes.
Também denunciamos o projeto de morte que é o MATOPIBA um projeto vai matar o nosso Cerrado, é um projeto que só vai beneficiar o agronegócio e o latifúndio e as grande empresas. Também estamos muito preocupados com a politica de Saúde indígena, que cada vez piora nas nossa aldeias e ainda mais preocupa com projeto de terceirização da saúde indígena que é o INSI, esse projeto não queremos porque prejudica a nossa Saúde indígena.
Por tudo isso nos pedimos que a PEC 215 que não seja aprovada, assim como também todos os projetos que tramita no Congresso Nacional, também não queremos a terceirização da saúde indígena, não queremos os asfalto nos nossos territórios e não queremos a construção de nenhuma Barragem dentro do nosso território e também queremos que respeite os nossos direitos que estão na Constituição.
Também queremos a revisão de limite da terra do povo Apinajé e Tapuio. E os indígenas que estão sem terra é para demarcar como o povo Avá- Canoeiro, Kanela do Tocantins e o Krahô Kanela e principalmente o povo Guarani Kaiowá que está vivendo a beira da estrada, sofrendo os ameaças dos fazendeiros e morrendo atropelado na beira da estrada e pela bala dos pistoleiro.
Os povos indígenas sem a terra não podem viver, porque são os povos originários do Brasil e éo broto da terra e semente da terra e vamos continuar lutando e defendo nosso direito e os direitos dos nossos filhos e netos, bisneto e até morrer.


Segue assinado pelos participantes.