16 de out. de 2015

MEIO AMBIENTE

SEM REALIZAR ESTUDOS DE IMPACTO AMBIENTAL, GOVERNO DO ESTADO TOCANTINS RETOMA AS OBRAS DE PAVIMENTAÇÃO DA RODOVIA TO 126

Em fevereiro de 2014, moradores dos povoados Folha Grossa e Ribeirão Grande realizaram alguns protestos com a finalidade de reivindicar a pavimentação do trecho de aproximadamente 50 km da rodovia TO 126 entre as Cidades de Tocantinópolis e Maurilândia, sendo 35 km dentro da terra Apinajé.

Incentivados e sustentados por empresários e políticos os manifestantes entre eles alguns indígenas Apinajé da região da Mariazinha bloquearam por mais de um mês trechos da rodovia TO 126 no povoado Ribeirão Grande e na divisa da Terra Apinajé no município de Tocantinópolis.

Ressaltamos que existem muitos interesses por parte da classe empresarial e política de Tocantinópolis e região de pavimentar a rodovia TO 126. Como não conseguiram pavimentar a obra fora da lei, esses grupos políticos e empresariais passaram a perseguir; caluniando e acusando as lideranças Apinajé, a FUNAI e nossos aliados de “atrapalhar o desenvolvimento e impedir o progresso” de Tocantinópolis e região. 

Em abril de 2014 durante reunião ocorrida no acampamento localizado na divisa da terra Apinajé com participação de representantes indígenas, do MPO, FUNAI e Associação PEMPXÀ. O senhor Ricardo Burg da Coordenação Geral de Licenciamento CGLIG/FUNAI/BSB alertou que qualquer empreendimento em Terras Indígenas deve considerar o componente indígena e obedecer ao devido processo legal de licenciamento conforme a legislação vigente.

Na ocasião os caciques e lideranças Apinajé, concordaram que fossem realizados pelo Governo do Estado do Tocantins as pesquisas e Estudos de Impacto Ambiental da rodovia TO 126. Por sua vez a FUNAI se comprometeu emitir o Termo de Referencia para inicio dos Estudos de Impactos Ambiental do empreendimento. No ponto de vista legal sem realização desses EIA - RIMA o empreendedor estaria impedido de obter a licença e iniciar a obra no trecho dentro da área Apinajé. 

Conforme os preceitos e ordens constitucionais, após a conclusão, apresentação e analise do EIA-RIMA a FUNAI, o IBAMA e o MPF-AGA responsáveis pelo licenciamento se manifestarão emitindo parecer técnico e antropológico sobre os problemas e impactos, ambientais, sociais, culturais e econômicos da rodovia TO 126 no território e na vida das comunidades Apinajé. Finalmente conhecidos os impactos o povo Apinajé poderá se manifestar se aceita ou não a obra dentro da área indígena.

Esta seria a conduta legal do licenciamento da rodovia TO 126 que não está sendo seguida e nem respeitada pelo Governo do Estado do Tocantins. O que temos observado é a clara e deliberada intenção do empreendedor de tapear as lideranças indígenas e infringir as leis para construir a obra de qualquer jeito se omitindo de qualquer responsabilidade social e ambiental com a comunidade e o território indígena.

Denunciamos que essa pressa e insistência do empreendedor de levar a diante uma obra totalmente ilegal está gerando um clima de hostilidade e ódio da população de Tocantinópolis e Maurilândia contra o povo Apinajé. Alegando que estamos atrapalhando a implantação da obra alguns políticos, empresários e a imprensa se encarregam de insuflar e jogar a população local contra a comunidade indígena e a FUNAI.

O que eles não explicam ou não querem esclarecer, é que a culpa é do próprio Governo do Estado que se omite do cumprimento dos seus deveres legais. Não queremos atrapalhar obra ou desenvolvimento nenhum, o que queremos é que tudo seja feito dentro da legalidade. Com certeza não vamos ficar parados diante de tamanha incoerência das próprias autoridades e do Estado que está descumprindo as leis e negligenciando nossos direitos previstos na Constituição Federal.


Terra Apinajé, 16 de outubro de 2015


Associação União das Aldeias Apinajé-Pempxà

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