26 de mar. de 2014

CRIANÇAS APINAJÉ

JORNALISTAS FRANCESES VISITAM ALDEIAS APINAJÉ

        Nos período 23 a 25 de março do corrente ano, recebemos a visita dos Jornalistas franceses Christophe Fernandez e da repórter fotográfica Charlote Valade, da Revista Okapi, que vieram acompanhados por Frei Xavier Plassat e Rafael Oliveira agentes da CPT Araguaia/Tocantins, Gaspar Guimarães, cinegrafista do Verbo Filmes e Jucilene Gomes Correia missionária do CIMI GO/TO.  
      A Okapi e uma Revista francesa que publica artigos e reportagens sobre crianças e para as crianças.  Essa Revista é preparada e dedicada especialmente ao público infanto-juvenil, formado por meninos e meninas, adolescentes e estudantes de várias nacionalidades e de diferentes culturas e línguas. A ideia é que possam se conhecer melhor e interagir mais entre si.
         A vinda da equipe de jornalista da Revista Okapi a essa Terra Indígena, tem a finalidade de mostrar para o mundo, especialmente para as crianças francesas, o cotidiano e a realidade das crianças Apinajé, bem como “jogar uma luz” sobre essas outras faces invisíveis de um Brasil diferente, desse “Brasil da Copa do Mundo”, que o mundo não vê e não conhece.
          Percebemos que a grande imprensa brasileira, diante da realização de um evento barulhento e agitado como uma Copa do Mundo, fecha os olhos e ouvidos para as realidades das crianças indígenas do Brasil. Neste contexto a vida e o futuro desses “pequenos (as)” não são fatos relevantes e nem notícias interessantes para serem mostradas e divulgadas.
          Lamentavelmente, as denúncias e fatos relacionados à exclusão sociocultural e violações dos direitos das minorias indígenas no Brasil, sempre são tratados como “notícias sem importância”, que podem ser facilmente distorcidas ou mascaradas pela grande mídia e rapidamente ignoradas ou esquecidas pelas autoridades.
          Todavia nos dias 23, 24 e 25 de março de 2014, tivemos a honra e o privilégio de receber em nossas comunidades a equipe de jornalistas enviados pela Revista Okapi, que durante três dias acompanharam, conviveram, observaram e documentaram o cotidiano e a realidade das crianças Apinajé das aldeias São José, Patizal, Aldeinha, Abacaxi e Areia Branca, localizadas no Norte do Estado do Tocantins, Brasil.
Terra Indígena Apinajé, 26/03/2014.

Associação União das Aldeias Apinajé-PEMPXÀ

21 de mar. de 2014

PBA TIMBIRA APINAJÉ

PBA TIMBIRA: RESGATE E FORTALECIMENTO DA AGRICULTURA TRADICIONAL
Famílias da aldeia Patizal , realizando atividades de colheita da  mandioca. (foto Oscar  Apinagé. Fev. 2014).
Antigamente nossos antepassados praticavam a agricultura de subsistência de forma espontânea, livre e natural. Diversas espécies de mandioca, milho, araruta, inhame, batata, abóbora, amendoim e macaxeira eram cultivados de maneira tradicional e sustentável. As perseguições por causa da terra, as doenças e as guerras de extermínio provocaram a desorganização sociocultural e a inevitável redução da população Apinajé. Como consequências, muitos conhecimentos e saberes sobre agricultura foram perdidos ou esquecidos. Algumas espécies de sementes também foram roubadas, destruídas ou usurpadas.

Recentemente em 1985, um convênio celebrado entre a Fundação Nacional do Índio-FUNAI e a Companhia Vale do Rio Doce- CVRD, hoje conhecida como Vale, introduziu nas aldeias São José, Mariazinha e Patizal a prática equivocada das roças mecanizadas. Na época foram adquiridos tratores, grades, roçadeiras, plantadeiras e colhedeiras, que foram utilizados poucos anos, para implantar os chamados “projetos comunitários”, aonde eram cultivados especialmente o arroz e o feijão.

Poucos anos depois o Convenio FUNAI/CVRD foi encerrado e as máquinas viraram sucatas e (ou) foram vendidas, deixando as famílias dependentes e acomodadas. A expectativa excessiva gerada por esses tipos de projetos e as “facilidades” ilusórias, supostamente trazidas pela mecanização intensiva, resultaram em incalculáveis prejuízos sociais, culturais e econômicos, que refletem até hoje de maneira negativa na vida das famílias Apinajé.
Plantação de milho preto na aldeia Areia Branca. (foto: Antonio Veríssimo. Fev. 2014).

No entanto em 2010, os caciques, decidiram que parte dos recursos da compensação da UHE Estreito, a que temos direito, deveria ser aplicada na implantação e no fortalecimento de pequenas roças familiares nas aldeias Apinajé, localizadas nos municípios de Tocantinópolis e Maurilândia no Norte do Tocantins. O objetivo do projeto é Recuperar e Promover os Valores de nossa agricultura tradicional e assim buscar melhorar e garantir a Segurança Alimentar e Nutricional das comunidades.

O projeto prevê também o Resgate e Conservação das Sementes Tradicionais, com essa finalidade no período de 03 a 07 de setembro de 2012, participamos da 1ª Feira Mebengokré de Sementes Tradicionais que foi realizada na aldeia Moxkarako, Terra Indígena Kayapó no município de São Félix do Xingú (PA).

E nos meses de outubro e novembro de 2013, realizamos duas visitas de intercambio e troca de experiências aos camponeses e agricultores familiares dos municípios de Augustinópolis e Esperantina localizadas no Bico do Papagaio, extremo Norte do Tocantins. Na ocasião adquirimos nos assentamentos da região, sementes de milho, feijão, fava, arroz e mudas de batata, araruta, inhame, banana e ramas de mandioca, que foram plantadas nos projetos de 16 aldeias.

Nesse primeiro ano de execução do Programa Básico Ambiental-PBA Timbira a maioria das comunidades optou pelo eixo Segurança Alimentar, no qual foram aplicados recursos nas roças e casas de farinha. Mas estão previstos também investimentos na Segurança Ambiental, Segurança Territorial, Segurança Cultural e Apoio Institucional

Aspecto das plantações de arroz na aldeia Barra do Dia. (foto: Antonio Veríssimo. Jan. 2014)

Conforme já era esperado, identificamos e enfrentamos alguns problemas durante a execução do PBA, porém os primeiros resultados alcançados são positivos e animadores. De acordo com o Termo de compromisso assinado entre a FUNAI, CESTE e a Associação Wyty Cäte  esses projetos deverão ser implantados até 2020, depois desse período serão realizados  pelo Consórcio CESTE novos EIA-Estudos de Impacto Ambiental na Terra Indígena Apinajé, divulgado o referido RIMA/Relatório de Impacto Ambiental, se for constatado a continuidade dos impactos da hidrelétrica na Terra Indígena o Programa de Compensação deverá ser renovado.




Terra Indígena Apinajé, 21 de março de 2014.


Associação União das Aldeias Apinajé-PEMPXÀ