A AGRESSIVIDADE E OFENSIVA DO AGRONEGÓCIO
Faltando pouco mais de quatro meses para as eleições e já estamos
testemunhando alguns candidatos em plena campanha político eleitoral. Com essa finalidade esses indivíduos estão correndo
e mobilizando seus cabos eleitorais nos municípios e realizando articulações políticas
em todo o Estado do Tocantins.
De repente alguns desses candidatos como num passe de mágica estão
aparecendo nas aldeias, com ar de “inocentes” oferecendo presentes, doando “pacotes”
de bondades e realizando certas “ações” como se estivessem fazendo favores.Também
como estratégia para iludir e enganar a população, mais uma vez esses falsos
representantes do povo voltam às comunidades repetindo as mesmas promessas
feitas em campanhas passadas.
No mês de fevereiro desse ano, políticos mobilizaram a
população de Tocantinópolis e região pela pavimentação asfáltica da rodovia TO
126 que corta a Terra Indígena Apinajé. Além de não índios, o movimento
eleitoreiro envolveu alguns indígenas da região da aldeia Mariazinha, usados politicamente
com a finalidade de pressionar a FUNAI, IBAMA e MPF para liberação no grito da
Licença Ambiental da mencionada obra sem o devido cumprimento das Normas Legais.
Nesse contexto de campanha eleitoral, esses políticos estão
se envolvendo em episódios “inusitados”. O fato mais delirante aconteceu na
aldeia Mariazinha no último dia 02/06/14, quando alguns instrutores e técnicos
do SENAR teriam ido ministrar cursos de formação para índios daquela
comunidade. Na ocasião a senadora ruralista Kátia Abreu, presente no evento, sem
nenhum remorso ou escrúpulos vestiu e se enfeitou de Apinajé e as fotos
foram postadas na internet.
É comum e faz parte de nossa cultura oferecer aos visitantes enfeites
e ornamentos como colares, cocares e pulseiras. Todavia no caso da senadora
Kátia Abreu o “ritual” pegou mal e lhe rendeu muitos protestos e reclamações
nas redes sociais e na própria comunidade Apinajé.
Por sua atuação parlamentar desfavorável aos interesses das
populações indígenas, quilombolas e agricultores familiares, a senadora vem
sendo muito criticada e repudiada pelas organizações indígenas e camponesa do Brasil. É público e notório que durante seu mandato a senadora Kátia
Abreu e sua bancada ruralista têm se revezado na tribuna do Senado Federal proferindo
discursos ofensivos e dessa forma incitando uma infame campanha contra os Direitos Constitucionais
dos Povos indígenas, incluindo as tentativas de aprovação da PEC 215/2000.
Em razão desse histórico infeliz de contradições, ponderamos
que a nobre senadora deveria evitar andar nas aldeias indígenas, ainda que fosse
convidada. Ressaltamos que nossos verdadeiros aliados, defensores e amigos da causa
indígena que reconhecemos não usam de métodos inconvenientes para chegar a
nossas comunidades. Esses estilos fingidos de fazer política não passam de uma
desprezível afronta perpetrada por quem tem interesses de insultar e atingir as
legítimas bases de nossas organizações indígenas e camponesas do Estado do
Tocantins e do Brasil.
Denunciamos e repudiamos essa postura abusiva, incomoda e
inadequada de alguns políticos e requeremos do MPE- Ministério Público
Eleitoral do Estado do Tocantins, o acompanhamento e fiscalização do Processo
Eleitoral em curso, para que não ocorram excessos e vícios que venham enganar e
confundir o eleitor. Podemos assim prevenir e evitar situações que possa
futuramente gerar dúvidas sobre a licitude e validade desse ato democrático de
escolher nossos governantes por meio do voto. Que em nossa compreensão deve ser
exercido pelos cidadãos brasileiros de maneira livre, refletida e consciente.
Terra Indígena Apinajé, junho 06 de de 2014.
Associação
União das Aldeias Apinajé-PEMPXÀ
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