24 de dez. de 2012

AS ATIVIDADES DE CAÇA E COLETA E A GESTÃO AMBIENTAL DA ÁREA APINAJÉ


AS ATIVIDADES DE CAÇA E COLETA E A GESTÃO AMBIENTAL DA ÁREA APINAJÉ.


    No período de 15 a 20 de dezembro de 2012, estivemos mobilizados realizando trabalhos de coletas de frutas nativas e vigilância de nosso território. As ações aconteceram nas regiões das aldeias, (desativadas) Cocalinho e Buriti Cumprido, localizadas nos municípios de São Bento do Tocantins e Cachoeirinha, extremo oeste desta terra indígena. Essas atividades fazem parte de nosso Plano Permanente de Vigilância e Proteção Territorial, que foi elaborado em 2009, em parceria com a FUNAI.
    As ações foram planejadas e executadas com o apoio da Associação União das Aldeias Apinajé- PEMPXÀ, em parceria com a FUNAI/CTL de Tocantinópolis-TO, e cerca de 60 indígenas (principalmente jovens) estiveram envolvidos na execução dos trabalhos. Essas andanças no interior de nosso território, visam a ocupação dessa parte da área e o aproveitamento dos recursos naturais, caça, pesca e a coleta de frutas nativas; como a bacaba, bacuri e buriti, que estão sendo muito exploradas e roubadas por não - índios.
    No primeiro dia de trabalhos, improvisamos uma ponte sobre o ribeirão dos caboclos, (a ponte que havia no local foi incendiada por invasores). Durante as incursões, realizamos intensa vigilância e levantamentos das regiões de chapadas e matas ciliares do ribeirão dos caboclos e ribeirão São Bento; visitando e monitorando locais que podem estar sendo invadidos por caçadores, madeireiros, arrendadores e outros intrusos, que nessa época invadem (especialmente) em busca de fazer coleta de frutas. Nessa primeira fase das atividades, conseguimos coletar uma quantidade significativa de polpas (principalmente) de bacuri, que estão sendo vendidas, para a empresa Fruta Sã, de Carolina - MA.
    Para execução das ações, dispomos de modernos equipamentos de tecnologia da informação; filmadoras, máquinas fotográficas, rádios de comunicação móveis e GPS, que estão sendo usados para documentar, fotografar, fazer mapeamentos e marcar as coordenadas geográficas dos locais visitados. As informações levantadas, relatórios e denuncias de possíveis crimes contra o patrimônio indígena, estão sendo encaminhadas à FUNAI, MPF, Polícia Federal e IBAMA para providencias.
   Essas informações poderão ser usadas também em futuras Operações de Fiscalização e Proteção Territorial em parceria com a FUNAI. E em breve serão utilizadas pela associação PEMPXÀ, na elaboração de um Plano de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais da TI. Apinajé, proposta que levaremos ao Corpo de Bombeiros, Prefeituras, FUNAI e IBAMA, com o objetivo de prevenir e evitar as queimadas, que todos os anos atingem as chapadas e matas ciliares e estão destruindo importantes áreas de caça, pesca e coleta de babaçu, bacuri, pequi, buriti, açaí e bacaba. Veja algumas fotos das atividades.


 BOAS FESTAS E FELIZ 2013, a todos os aliados e parceiros da causa indígena.. 

                                      Aldeia Patizal, 23 de dezembro de 2012.


Associação União das Aldeias Apinajé - PEMPXÀ



Ponte queimada sobre o ribeirão dos caboclos.

    Homens carregam os bacuri do mato.
Lideranças visitam e monitoram locais dentro da área indígena.

      Bacaba, usada para fazer sucos, sorvetes e vitaminas.


Árvore de bacuri, carregado com frutos.


Frutos do bacuri, coletados.
Florestas de bacuri, agredidas pelos projetos de  eucaliptos.





Fruto do bacuri.
Alternativa econômica para povos indígenas.

Cerrado no norte Tocantins, áreas de ocorrências do bacuri.












14 de dez. de 2012

PLANTAÇÕES DE EUCALIPTOS, AMEAÇAM TERRA INDÍGENA APINAJÉ


PLANTAÇÕES DE EUCALIPTOS,  AMEAÇAM TERRA INDÍGENA APINAJÉ.

     As Monoculturas de eucaliptos implantadas no entorno da área Apinajé, no norte do estado do Tocantins, representam um sério problema para o meio ambiente e uma grave ameaça para as aldeias e a nossa população indígena.
      Há pouco mais de (12) doze anos, foi implantado o 1º grande projeto de plantações de eucaliptos nos limites noroeste dessa terra indígena. O citado empreendimento afetou às aldeias; Buriti Cumprido e Cocalinho, (atualmente desativadas) e está localizado no município de São Bento do Tocantins. Esse projeto foi licenciado pelo NATURATINS, que não considerou a área indígena e nem respeitou a faixa de amortecimento de (10) km que a lei exige. Outra irregularidade, é que no caso dos empreendimentos que afetam terras indígenas, a competência para realizar os procedimentos necessários (audiências públicas EIA-RIMA) e liberação de licenças ambientais é do órgão federal, o IBAMA e não de órgãos estaduais, como o NATURATINS. Lembrando que de acordo com a Convenção 169 da OIT- Organização Internacional do Trabalho; no caso de projetos como esses, que ameaçam diretamente nossas comunidades, temos o direito à consultada prévia, livre e informada. E isso não está acontecendo.
     Agora no inicio desse mês, verificamos outro grande desmatamento a poucos quilômetros dos limites oeste dessa terra indígena, (na região da antiga rodovia BR 230), próximo à aldeia Patizal. O proprietário da fazenda (desmatada), conhecido como Dehá, que mora na cidade de Nazaré, teria dito que, vendeu as madeiras para as carvoarias e que vai arrendar o local desmatado, para as empresas plantar eucaliptos.
    Precisamos saber qual o órgão que deu as licenças para esse desmatamento, próximo à nossa área? E a situação dessas carvoarias; se tem autorização dos órgãos ambientais para funcionar; sim ou não?. Avaliamos que se for implantado esse projeto é totalmente irregular e ameaça diretamente as cabeceiras, dos ribeirões Estiva e Ribeirão Grande, que passam nas aldeias; Patizal e Formigão. Projetos como esses, nunca podem ser implantados próximos às áreas indígenas, pois degradam o solo e são potenciais poluidores das nascentes de águas.
    Diante dessas denuncias que estamos apresentando, solicitamos ao MPF-TO, FUNAI/CR Araguaia/Tocantins de Palmas e IBAMA de Araguaína -TO, que os mesmos façam uma investigação; com vistorias e levantamentos nas regiões citadas. Se forem constatadas as irregularidades, que  medidas cabíveis sejam adotadas. E nós vamos ficar de olho; colaborando e acompanhando de perto as providencias.

    Confiram algumas fotos das plantações de  eucaliptos próximos a terra indígena Apinajé, no município de São Bento do Tocantins.


                                    Aldeia São José, 14 de dezembro de 2012.


Associação União das Aldeias Apinajé-PEMPXÀ.





Desmatamento do cerrado no entorno da área indígena..


Toras de eucaliptos, prontas para carvoarias.

Plantações de eucaliptos no município de S. Bento do Tocantins.

Projeto não respeitou a área indígena.


Toras de eucaliptos prontas para alimentar as carvoarias.

Agressão ao meio ambiente da região.




10 de dez. de 2012

VIATURA QUE ESTAVA APREENDIDA NA, MARIAZINHA É DEVOLVIDA À SESAI.

VIATURA DA SESAI, APREENDIDA EM ALDEIA APINAJÉ É LIBERADA.

     A viatura da SESAI, que tinha sido apreendida no último dia 03/12/12, segunda-feira, e estava na aldeia Mariazinha, foi devolvida no sábado dia 08/12/12, aos servidores da SESAI. O veiculo tinha sido apreendido, por lideranças indígenas Apinajé daquela comunidade, como forma de protestos e para chamar atenção do PBI de Tocantinópolis -TO, DSEI-TO e SESAI para consertar duas (2)  bombas d’água das aldeias Mariazinha e Bonito, que estavam danificadas há mais de dois (2) meses.
    Depois de (5) cinco dias de espera e intensas negociações entre FUNAI, MPF-TO e SESAI, as lideranças da aldeia Mariazinha entregaram a viatura ao motorista da SESAI, logo que as bombas d’água das aldeias Mariazinha e Bonito foram montadas e voltaram a funcionar.
    Essas mobilizações das comunidades se justificam, em razão do sofrimento que estamos vivenciando. A falta de água tratada nas aldeias Apinajé, é um sério problema, que merece ser tratado como prioridade pela SESAI. Compreendemos que, prender os veículos da SESAI  ou qual quer outro órgão não é a forma correta de protestar e reivindicar, que as políticas públicas, (especialmente a saúde Indígena) aconteçam de fato. Ressaltamos que quando tomamos a decisão de agir dessa forma é por que a situação é realmente muito critica e difícil.
    Dessa forma reunião que propomos para o próximo dia 12/12 quarta-feira, para tratar da questão  das bombas, e outras demandas da saúde indígena,  foi adiada pra outra data a ser confirmada pelas lideranças Apinajé. Essa reunião é necessária e vamos sempre ficar cobrando dos gestores.



                                                                                                        Aldeia São José, 10/12/2012.


Associação União das Aldeias Apinajé-PEMPXÀ.






7 de dez. de 2012

SAÚDE



                                       NOTA DE ESCLARECIMENTO


     Vimos à publico, esclarecer para a sociedade, imprensa e as autoridades do poder público, sobre a questão da viatura, Placa MXC 4184 cabine dupla, OFICIAL, BRANCA da SESAI/PBI-Tocantinópolis -TO, que foi apreendida no último dia 03/12/12, na estrada de acesso à aldeia Mariazinha. Sobre essa ocorrência, temos que esclarecer o seguinte:

     Em nossas comunidades todos os anos sofremos e enfrentamos sérios problemas com doenças sazonais, especialmente aquelas transmitidas pelas águas contaminadas, que somos obrigados a consumir por falta de água tratada. E que há alguns anos a chefe Adm. do PBI e Tocantinópolis -TO, Cimei Gomes de Sousa e a chefe do DSEI-TO Ivaneizília Ferreira Noleto, estão sendo alertadas e cobradas, por meio de documentos, ofícios e manifestos, que infelizmente não são respondidos  nem resolvidos.

     No dia 09 de outubro de 2012, a bomba d’agua da aldeia Mariazinha foi queimada, sendo que no mesmo dia a chefe do PBI, foi informada. E durante reunião de planejamento do CONDISI-Conselho Distrital de Saúde Indígena, realizado em Tocantinópolis, ocorrida em outubro, o senhor José Ribeiro, também foi avisado por meio de ofício. 

     Na atual temporada de chuvas, essa situação das bombas queimadas das aldeias Mariazinha, Bonito e Girassol, só veio agravar ainda mais os casos de diarreias, vômitos, febres e verminose e potencializar os  riscos e ameaças de epidemias.


      No último dia 12 de novembro de 2012, os lideres Euclides Pereira Ribeiro e Evangelista Alves Apinajé, estiveram também na Promotoria de Justiça de Tocantinópolis-TO, fazendo reclamações acerca desses fatos.

           Cansados de esperar pelo conserto das referidas bombas, no dia 03/12/2012, como forma de chamar atenção das autoridades e gestores responsáveis pelo atendimento à saúde indígena, resolvemos de forma pacífica deter uma viatura da SESAI. Informamos que a referida viatura está guardada, não está sendo usada, depredada ou danificada e será entregue logo que nossas reivindicações forem atendidas e resolvidas.

       Sendo que, estamos sendo vitimas do descaso, da omissão e da má gestão do PBI, do DSEI-TO e SESAI, mesmo assim não estamos indo em delegacia nenhuma, fazer reclamações ou dar queixa dos gestores. Porém sempre que nos mobilizamos para cobrar nossos direitos, a chefe do PBI de Tocantinópolis-TO, além de  não resolver, ainda vai reclamar na delegacia. Entendemos que essa questão da saúde é uma demanda coletiva de todo o povo Apinajé. E que de forma nenhuma pode se culpar, condenar e punir alguém de forma isolada.

      Alertamos que se alguma emergência (doença) vier acontecer, com prejuízos e perdas de vidas (morte de pessoas), a chefe do PBI de Tocantinópolis -TO Cimei Gomes de Sousa e a chefe do DSEI-TO, Ivaneizília Ferreira Noleto, serão diretamente responsabilizadas e culpadas.

        Exigimos que seja realizada imediatamente uma reunião de caciques, conselheiros de saúde, representantes de organizações indígenas e autoridades do poder público, SESAI, PBI, FUNAI, MPF-TO, no próximo dia 12/12/2012, para tratar da questão da viatura que está apreendida na aldeia Mariazinha, e outros assuntos relacionados à saúde, que não foram encaminhadas e nem resolvidos.





                                     Aldeia Mariazinha, 07 de dezembro de 2012.


                             Associação União das Aldeias Apinajé - PEMPXÀ

                                      
Viatura da SESAI, apreendida ( e guardada) na aldeia Mariazinha.
(foto: PEMPXÀ)
Posto de saúde da aldeia Mariazinha.
(foto: PEMPXÀ)
No posto de saúde,o atendimento é precário.
(foto: PEMPXÀ)

A água consumida pela comunidade, pode está contaminada.
(foto: PEMPXÀ)

Existe sérios riscos de doenças.
(foto: PEMPXÀ)

Bomba d'água da aldeia Mariazinha, queimada há 3 meses.
(foto: PEMPXÀ)

Omissão e descaso do PBI e SESAI, a comunidade está indignada.
(foto: PEMPXÀ)


No posto de saúde da aldeia, a viatura apreendida.
(foto: PEMPXÀ)

Comunidade espera uma solução da SESAI e PBI de  Tocantinópolis.
(foto: PEMPXÀ)
                                         

6 de dez. de 2012

CONGRESSO DOS 40 ANOS DO CIMI: "RAÍZ, IDENTIDADE E MISSÃO"



CONGRESSO DOS 40 ANOS DO CIMI:
“RAIZ, IDENTIDADE E MISSÃO”

   Nos dias 19 a 23 de novembro de 2012, estivemos reunidos, cerca de 250 pessoas, em Luziânia-GO, no Congresso dos 40 anos do   CIMI-Conselho Indigenista Missionário.  Os participantes vindos de todas as regiões do País, missionários, lideranças indígenas, representantes de organizações da sociedade civil e outros convidados do Brasil e exterior, debatemos e refletimos sobre os temas do congresso; “Raiz,Identidade e Missão”. Também fizemos uma breve memória do contexto de criação do CIMI nos anos 70 e avaliamoso compromisso e a caminhada da entidade, com os povos indígenas nesses 40 anos.
  Os Bispos, Padres e missionários afirmaram que o CIMI, (que é uma entidade vinculada a CNBB-Conferencia Nacional dos Bispos do Brasil) foi criado por opção à causa dos povos indígenas, historicamente massacrados e ameaçados de extermínio. Foram citadas algumas conquistas e lembrados momentos históricos como; as realizações das primeiras assembléias indígenas e os enfrentamentos à ditadura militar nos anos 70, o processo constituinte de 1988, a Marcha Indígena em 2000 e o apoio e acompanhamento às lutas em buscas do resgate e demarcações de terras indígenas, nos últimos 40 anos.
   No dia 22/11/ 2012, no período da manhã, foram prestadas justas homenagens à Dom Tomás Balduíno, Bispo emérito de Goiás e um dos fundadores do CIMI, que também estava aniversariando, completando 90 anos de vida. No momento ressaltamos e reafirmamos à importância do CIMI e da CPT, para defesa dos direitos humanos e apoio as lutas dos povos indígenas, quilombolas e camponeses, vítimas da exclusão social, escravidão e opressão.
    Em 23/11, último dia do congresso, o Bispo do Xingú e Presidente do CIMI, Dom Erwin Kräutler fez o lançamento do manifesto, Povos Indígenas; aqueles que devem viver, ou manifesto contra o decreto de extermínio.  Fazendo a leitura de nota de sua autoria,(ver pag.11 do manifesto) o bispo lembrou que, já 1973, o CIMI publicou “Y-Juca-Pirama: o índio aquele que deve morrer”, documento que denuncia(va) a política genocida do governo brasileiro na época. Na citada nota, Dom Erwin continua;“Passadas quatro décadas da publicação daquele manifesto, muitas das situações denunciadas ainda persistem, mas podemos afirmar com toda segurança que os povos indígenas, graças à sua grande capacidade de resistência, luta e organização, conseguiram expulsar – de uma vez por todas – a ameaça da extinção. Motivado pela celebração dos seus 40 anos, o CIMI publica hoje esse segundo manifesto no intuito de concretizar a profecia anunciada pelo Y-Juca Pirama: Chegou o momento de anunciar, na esperança, que aquele que deveria morrer é aquele que deve viver”.

                                      Luziânia-GO, 23 de novembro de 2012.

Associação União das Aldeias Apinajé-PEMPXÀ
Organização indígena participante

26 de nov. de 2012

CARTA DOS POVOS INDÍGENAS DE TOCANTINS, PARÁ E AMAPÁ


CARTA DOS POVOS INDÍGENAS DE TOCANTINS, PARÁ E AMAPÁ

        Nós povos indígenas Apinajé,  Krahô,  Kayapó, Xerente, Carajá  Xambioá, Awá Canoeiro,  Guajajara, Aikewara (Suruí), Atikum, Tembé, Munduruku, Juruna, Galibi Maworno, Karipuna, reunidos  no 1º Encontro Macro – Regional dos Povos Indígenas dos estados do Tocantins, Pará e Amapá, que aconteceu nos dias 28, 29 e 30 de outubro de 2012, na aldeia Patizal terra indígena Apinajé, município de Tocantinópolis, estado do Tocantins, vimos a público manifestar nossas preocupações e apreensões com a atual conjuntura política do País, e as violências e perversidades que ora estão sendo pensadas e praticadas pelos diversos grupos políticos e econômicos contra nossos povos.
       Em nossas lutas pelas demarcações de nossas terras, que foram roubadas. Pela melhoria do atendimento à saúde. E por uma educação diferenciada e de qualidade, às vezes não somos bem recebidos e tratados com respeito nos órgãos públicos. O que estamos percebendo é a clara intensão desses grupos sistematizados e organizados dentro das instituições públicas, e nos três poderes da República, de levarem a diante essa campanha de ódio e discriminação, contra nossos povos, historicamente vitimados por violências e massacres, que infelizmente continuam ocorrendo.
      É assustador as avalanches de medidas e propostas que ora estão sendo discutidas e emitidas pelos poderes legislativo e executivo com objetivo de tirar e restringir nossos direitos que foram conquistados e estão garantidos na Constituição Federal de 1988, exemplos são as PECs 038 que tramita no Senado Federal e 215 que tramita na Câmara dos Deputados. Outra medida inaceitável é a portaria 303, da Advocacia Geral da União-AGU, que foi emitida no dia 16 de julho de 2012, que propõem entre outros absurdos mudar as leis e alterar a própria Constituição Federal, com a finalidade de prejudicar as comunidades indígenas em favor dos interesses dos latifundiários, mineradoras, madeireiros e outros invasores (e) interessados em nossas terras.
     Repudiamos essa política irresponsável e equivocada de construções de grandes hidrelétricas que estão em andamento e destruindo especialmente os rios da Amazônia, fatos que tem expulsado populações indígenas e ribeirinhas de suas terras e prejudicado o meio ambiente, como um todo. Dessa forma manifestamos nossas contrariedades e repúdio contra a ELETRONORTE e o Consorcio Norte Energia, que é responsável pela construção da UHE de Belo Monte no rio Xingu, no município de Altamira. Queremos deixar bem claro, que  somos contra os projetos de construção das UHE de Santa Isabel no rio Araguaia, localizada no município de São Geraldo do Araguaia, que ameaça as terras indígenas Sororó do povo Aikewara, Apinajé do povo Apinajé e Las Casas do povo Kaiapó e os projetos UHEs de Marabá e Serra Quebrada no rio Tocantins, que ameaçam diretamente a área Apinajé, localizada nos municípios de Tocantinópolis, Maurilandia, São Bento do Tocantins e Cachoeirinha no norte do Tocantins e Krikatí, no estado do Maranhão, e os projetos dos UHEs de São Luís, Jamanxim e Jatobá no município de Itaítuba e UHE de Jacurão no município de Jacareacanga, estado do Pará.
     É incompreensível a teimosia do governo em construir a UHE de Belo Monte, obra polêmica que está sendo construída com  financiamento do BNDES-Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social; o que significa que o dinheiro público está sendo usado para destruir o meio ambiente e prejudicar as populações indígenas e ribeirinhos da região do Médio Xingú. Avisamos e alertamos os governos e empreendedores, que não aceitamos a entrada de pessoas ou empresas em nossas terras, com objetivo de fazer estudos ou pesquisas, dando viabilidade a essas obras. E que não concordamos com a construção de barragens que prejudicam direta e indiretamente nossos territórios. E sugerimos que os governos e empresas do setor elétrico busquem novas alternativas de geração de energia.
      Denunciamos o avanço acelerado e sem controle das monoculturas de eucaliptos, cana de açúcar e soja, que estão ocorrendo sem nenhuma fiscalização nas proximidades e entorno das terras indígenas Krahô, Xerente e Apinajé, no estado do Tocantins. Essas atividades estão poluindo o meio ambiente, envenenando os rios e prejudicando a saúde nas aldeias. Exigimos que os órgãos públicos MPF-TO e PA, FUNAI, NATURATINS e SEMA-PA adotem medidas cabíveis para frear essas atividades que são extremamente poluidoras e estão degradando o meio ambiente ao redor das áreas indígenas.
      Enquanto o PAC acelera com seus projetos contra nossas populações, a saúde indígena continua lenta, precária e sucateada. Depois de quase dois anos de transição da FUNASA para SESAI, o Governo Federal ainda não conseguiu melhorar o atendimento nas aldeias, as lideranças reclamam da falta de estruturas e recursos humanos. As comunidades sofrem com a falta de remédios, médicos, dentistas, transportes e comunicações.
      Informamos que somos contra as atividades de mineração dentro e nas proximidades de nossos territórios. E denunciamos a DOW CORNING que atua próximo a Terra Indígena Sororó, do povo Aikewara, no município de São Geraldo do Araguaia, e a empresa MAX BRITA INDÚSTRIA, próximo à terra indígena Guajajara, no município de Itupiranga no Estado do Pará.
     Manifestamos nossa solidariedade e apoio, aos povos Guarani, do estado do Mato Grosso do Sul e Awá-Canoeiro no estado de Tocantins, que sofrem numa luta que parece não ter fim, em busca de suas terras roubadas e alienadas pelos fazendeiros, plantadores de cana, eucaliptos e soja. A situação do povo Guarani é de extrema gravidade, por que estão sendo sumariamente massacrados e mortos pelo agronegócio, que promove o terror e espalha a violência contra esse povo. Oprimidos e sem terra, os Guarani sobrevivem em acampamentos nas margens das rodovias e frequentemente são vitimas das ações da polícia, jagunços e pistoleiros, que a mando dos latifundiários, políticos e alguns juízes; sequestram, expulsam, despejam e matam o povo Guarani.
    Pedimos respeitosamente aos senhores ministros do STF-Supremo Tribunal Federal, especial atenção no  julgamento dos Embargos de Declaração da Terra Indígena Raposa Serra do Sol, Petição 3.388/RR. Informamos que estamos atentos e acompanhando, para que a CF-Constituição Federal do Brasil seja cumprida e respeitada e nossos direitos não sejam ainda mais violados.


Aldeia Patizal, Terra Indígena Apinajé, 30 de Outubro de 2012.


As lideranças e representantes dos povos indígenas de Tocantins, Pará e Amapá:

Apinajé
Krahô
Xerente
Carajá Xambioá
Awá-Canoeiro
Guarani
Aikewara (Suruí)
Kaiapó
Munduruku
Tembé
Juruna
Galibi Maworno
Karipuna
Atikum 
Guajajara


Fotos do 1º Encontro Macro-Regional dos povos indígenas de Tocantins, Pará e Amapá
Representantes dos povos Munduruku, Tembé e Juruna do Pará
 (foto: arq. PEMPXÀ)

Mulheres indígenas, presentes no 1º Encontro Macro-Regional
(foto: Arq. PEMPXÀ)

Liderança  Krahô, fala aos participantes no 1º Encontro Macro-Regional
(foto: Arq. PEMPXÀ)













1 de nov. de 2012

CULTURA


1ª OFICINA DE ARTESANATO E SABERES TRADICIONAIS DO POVO APINAJÉ

Representantes de  entidades parceiras, presentes na oficina (foto: Arq. PEMPXÀ)

Nos dias 10, 11 e 12 de outubro de 2012, foi realizado na aldeia Patizal terra indígena Apinajé, município de Tocantinópolis-TO, a 1ª Oficina de Artesanato e Saberes Tradicionais do Povo Apinajé. O evento teve a participação 80 pessoas, entre anciões, alunos, mulheres e professores.

A realização dessa oficina  teve a finalidade  propiciar um espaço social e cultural, aonde os mais idosos que são detentores de conhecimentos e saberes tradicionais, pudessem ensinar e repassar aos mas jovens, alguns conhecimentos e saberes tradicionais do povo Apinajé.

Os participantes gostaram da ideia, e pediram que seja realizados mais vezes, (pelo menos uma vez por ano) essas oficinas. Essa primeira edição da oficina de artesanato, foi uma parceria da Associação União das Aldeias Apinajé-PEMPXÀ, com a Supervisão de Educação Indígena do MEC/DRE-Diretoria Regional de Educação de Tocantinópolis-TO  e da FUNAI/CTL de Tocantinópolis e teve o apoio de CTI-Centro de Trabalho Indigenista, do CIMI-Conselho Indigenista Missionário regional GO/TO e UFT-Universidade Federal do Tocantins. (Veja as  fotos da oficina)



Professor, mulher e criança Apinajé, fazendo esteira (foto: Arq. PEMPXÀ)


Ancião Apinajé, prepara palha para fazer  artesanato (foto: Arq. PEMPXÀ)


Mulher Apinajé, fazendo cesto com palha de babaçu (foto: Arq. PEMPXÀ)


Estudante Apinajé, tecendo cestaria com palha de buriti (foto: Arq. PEMPXÀ)

Ancião Apinajé, tecendo trança com fita de buriti (foto: Arq. PEMPXÀ)


Jovens estudantes Apinajé, preparando as palhas de babaçu (foto: Arq. PEMPXÀ)

Palhas de babaçu, usadas na confecção de artesanatos (foto: Arq. PEMPXÀ)


Mulheres e homem Apinajé, fazendo esteiras (foto: Arq. PEMPXÀ)

Jovens mulheres Apinajé, trabalhando com miçangas (foto: Arq. PEMPXÀ)


Casa (local) da oficina  (foto: Arq. PEMPXÀ)


Ancião Apinajé, fazendo esteira com palha de babaçu (foto: Arq. PEMPXÀ)


Instrutores trabalhando com palhas de buriti (foto: Arq. PEMPXÀ)


Jovens Apinajé, aprendem fazer trançados com palhas de buriti (foto: Arq. PEMPXÀ)


Ancião fazendo abano, com palha de babaçu (foto: Arq. PEMPXÀ)


Cestaria Apinajé, de palhas de babaçu e buriti (foto: Arq. PEMPXÀ)


Ancião e professor Apinajé, participante da oficina (foto: Arq. PEMPXÀ)


Jovem Apinajé, morador na aldeia Patizal (foto: Arq. PEMPXÀ)


Homens participantes da oficina (foto: Arq. PEMPXÀ)


Professores, jovens e anciãos (foto: Arq. PEMPXÀ)


Mulheres Apinajé, participantes da oficina (foto: Arq. PEMPXÀ)


Mulheres Apinajé, em frente ao local da oficina (foto: Arq. PEMPXÀ)


Participantes juntos no encerramento da oficina (foto: Arq. PEMPXÀ)